domingo, 10 de novembro de 2013

O Sobe e Desce - Clarissa Corrêa

 Fiquei um tempo afastada de tudo e todos, pois precisava me achar. Acabei perdida dentro de mim, você já passou por isso? Bom, eu vou te dizer com toda sinceridade: é a coisa mais estranha do mundo inteiro. Nunca vi alguém se perder em si mesmo. Mas comigo não acontecem coisas simples, se é que você me entende. Tudo que é complicado chega até meu endereço e meu coração.

No meio de tanta confusão pude perceber que precisar dos outros é fundamental e não tem nada de errado nisso. Você não é mais ou menos forte porque precisa apertar no pause e retroceder o pensamento. Muitas vezes, inclusive, é importante dar um passinho para trás pra conseguir dar continuidade ao objetivo. Mas não vim aqui encher os seus ouvidos com essa história de caminho, parada ou coisa parecida. Quero te falar de um assunto simples e ao mesmo tempo difícil: o autoconhecimento.

Hoje em dia ninguém tem muita disposição, vontade ou coragem para mergulhar profundamente dentro de si mesmo. É trabalhoso, espinhoso, horroroso. E muito enriquecedor. Assusta um pouco, mas liberta muito. Eu passei algum tempo evitando esse momento, esse confronto, essa perda. Porque a gente perde, sim, um pedacinho (ou muitos) quando resolve se encarar pra valer. Mas o ganho é infinitamente maior. É claro que dói. E eu te confesso que usei e abusei dos meus mais variados escudos para evitar esse dia, mas ele chegou. Confesso que veio um pouco forçado, mas foi necessário para que eu entendesse finalmente que não sou invencível. É isso mesmo, mundo: não estou com essa bola toda. Eu falho, não consigo dar conta de tudo, tem vezes que acho que não vou aguentar, piso feio na bola, erro pra valer. E não consigo muitas vezes lidar com meus sentimentos, sonhos, anseios. Não consigo lidar com minha felicidade. Pode? Sim, pode.

Eu tenho umas culpas loucas grudadas na minha pele, muitas coisas não digeridas e, por favor, não me pergunte que coisas são essas porque eu simplesmente não sei. Sabe como é o não saber? É a gente ter consciência que existe algo que incomoda mas não ter a capacidade de definir o que é aquilo. Só que eu resolvi me perdoar do que eu nem sei direito. Também resolvi pedir desculpa para todo mundo que já machuquei um dia, consciente ou inconscientemente. É que a gente faz tanta merda que nem percebe. Então, se eu fiz alguma coisa pra você que está me lendo agora: desculpa. Eu realmente não sou uma pessoa ruim, mas estou longe de ser perfeita e certinha. Na verdade eu só quero paz para a minha consciência, para você, pra todo mundo. Já temos que fazer tantas coisas, passar por tantos apertos, provações e tentações que é o momento certo de relaxar os ombros, se auto-abraçar e dizer desculpa. Aquela desculpa vinda do fundo do coração. Porque a vida, meu amigo, precisa ficar mais leve. Senão a gente não aguenta e cria uma úlcera a Toddynho.

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