quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Sobre o medo de sentir / Isabela Freitas
Eu nunca olhava nos olhos de ninguém. Sei lá. Me incomodava o fato de que alguém pudesse ver o que eu sentia através dos meus olhos.
Do seu lado eu fico em paz, é como se nada no mundo pudesse me atingir. É como se eu soubesse que o mundo poderia acabar a qualquer segundo, e não me importasse nem um pouquinho com isso. Pois estaria ao seu lado.
Sempre observava casais apaixonados pelas ruas da cidade, e me perguntava se o que eles tinham eram realmente de verdade, ou só mais uma encenação bem feita como nos filmes. Eu os invejava. Por que eles eram tão felizes? Por que eu não podia ser como eles?
E agora nós somos um desses casais, porque a única coisa que eu consigo fazer quando estou ao seu lado é ser feliz. É sorrir. É te querer. É te amar. É te dizer o quanto você me encanta.
Do seu lado eu sou um estômago infestado de borboletas, pássaros, beija-flores, e qualquer outro animal que tenha asas. Asas. Você deu asas ao que antes era uma garota que insistia em se agarrar à segurança que o chão traz. Voar alto demais traz consigo o risco de se machucar com a queda. Mas adivinha... Eu não me importo. Porque eu sei, simplesmente sei, que você nunca vai permitir com que eu me machuque. E eu te amo por isso. E digo que te amo mais uma vez. Só mais uma. Só mais uma... E você sorri de volta. E diz todas aquelas coisas que me deixam louca. Mais uma vez. E eu te amo de novo, um pouco mais do que antes, e menos do que daqui a pouco.
E eu me pergunto se isso vai ser sempre assim, porque se for... Eu juro que quero viver para sempre.
Essas palavras poderiam estampar toda uma página do meu diário, com toda a certeza. Mas isso era verdadeiro e forte demais para ser escrito em um papel que poderia se rasgar com o tempo. Disse tudo isso olhando nos fundos dos olhos dele. Espremi os sentimentos para fora do meu corpo sem me importar se eles pareciam exagerados ou tolos demais.
Logo depois tirei o tapete de boas vindas para a decepção, fechei a porta, fiz a cama, e pedi que ele ficasse deitado comigo em silêncio por um tempo. Eu precisava escutar a sua respiração, sentir a sua presença, e permitir que ele abrisse a porta, agora entreaberta, do meu coração. Antes de entrar, leia o outdoor que agora diz ''Pode entrar, e fazer bagunça. Mas por favor, promete que vai ficar?'' Fica, vai.
E pela primeira vez eu não tive medo de sentir tanto. Eu só sabia que queria sentir mais.
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