Lembro-me do nosso primeiro encontro. Ao subir as escadas, meio sem graça, vi seu rosto. Você sorriu sem jeito, como sempre fazia, e então nos aproximamos. Eu tentava disfarçar minha timidez e, inutilmente, buscava esconder minhas mãos ainda trêmulas. Você, tão insano, ainda chegou a perguntar: “Está tremendo?”, mal sabia o esforço que eu fazia para que ninguém notasse. Conversamos um pouco, cada um buscando um assunto, evitando aquele maldito silêncio constrangedor dos primeiros encontros. Nosso primeiro beijo foi rápido, numa sala de cinema. Não me recordo, ao certo, o nome do filme, mas parecia horrível. Desnecessário também, o filme era um mero detalhe naquele momento. Você olhou para mim, para os meus lábios coloridos pelo batom e disse, delicadamente: “Se você me beijasse agora, será que a minha boca ficaria rosa como a sua?”. Eu sorri e, sem dizer uma palavra, te beijei. Talvez não tenha sido nosso melhor beijo, mas foi, sem dúvida, muito especial. O primeiro de muitos naquela tarde tão tranquila.
Ao chegar em casa, à espera de uma mensagem sua, recordava as lembranças daquele dia maravilhoso. Seu perfume, suas roupas, tudo especialmente preparado para tentar me agradar. E o celular, enfim, vibrou, tal qual meu coração. Nosso caso deixou de ser um mero encontro casual e ganhou status de romance. Esse foi o começo de mais um longo e delicioso caso de amor.
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