domingo, 26 de maio de 2013
Hugo Rodrigues
Você quer falar sobre você ou sobre o amor? Porque se eu for falar sobre o amor, eu posso perder um tanto de tempo falando a respeito de um convidado especial que recusou meu convite. E, caso queira que eu fale de você, terei que deitar no teu colo para conseguir dizer algumas poucas palavras sobre a tua pessoa – ou sobre a tua-pessoa-em-mim, que é a que mais conheço. Ou não. Sei lá. É difícil ser alguém que não conhece a si mesmo e não sabe responder qualquer questionário pessoal e, ainda assim, conseguir expor algumas letras sobre outro ser imperfeito, incompleto e eternamente mutável – você ou o você-em-mim, tanto faz.
Falar sobre o amor é mais fácil. Silêncios oceânicos, geralmente, preenchem as lacunas de um sentimento que por vezes parece ser vazio. Complicado é me calar sobre você e isso te faça ter a ideia de que eu não penso em você ou de que eu não queira te dizer alguma coisa. Porque, você sabe – ou acho que sabe e eu gostaria que soubesse – que eu penso tanto em você que tem vezes que te imito trejeitos tentando ser mais um cado você do que eu, apenas para buscar uma forma de ser você e descobrir se na tua forma de viver há espaço – por menor que seja – para alguém como eu.
Mas você prefere falar sobre o amor, né? Não sei porque as pessoas têm essa mania ridícula de falar sobre o amor e torná-lo coisa tocável, palpável como cartas perfumadas e/ou fotografias felizes. O amor não é isso. O amor é tímido demais para tais demonstrações públicas. Ninguém consegue declarar o seu amor a alguém. A gente fica apenas naquela tentativa vã de materializar em palavras a forma como nos sentimos perto do tal alguém especial que dizemos amar. Mas na verdade, amamos, apenas, o brilho que nos enche os olhos, a arritmia que nos dá e o suor frio que escorre pelas mãos. Amor é saúde com sintomas de doença.
E você? Você é apenas mais uma forma que eu achei para falar de amor. E vice-e-versa. Então, se eu for falar de você, falarei de amor. E se for falar de amor, calarei em você.
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