domingo, 21 de abril de 2013

Curriculum Vitae / Juliana Spadotto




Eu já dei risada até a barriga doer, 
já nadei até perder o fôlego, 
já chorei até dormir 
e acordei com o rosto desfigurado. 

Já fiz cosquinha na minha irmã só prá ela parar de chorar, 
já me queimei brincando com vela. 
Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto, 
já conversei com o espelho, 
e até já brinquei de ser bruxa. 

Já quis ser astronauta, 
flautista, mágica, dançarina e trapezista. 
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés prá fora´, 
já passei trote por telefone, 
já tomei banho de chuva, 
E acabei me viciando. 

Já roubei beijo, 
Já fiz confissões antes de dormir 
num quarto escuro prá melhor amiga. 
Já confundi sentimentos, 
Peguei atalho errado 
e continuo andando pelo desconhecido. 

Já raspei o fundo da panela de brigadeiro, 
já me cortei depilando a perna, 
já chorei ouvindo música no ônibus. 
Já tentei esquecer algumas pessoas, 
mas descobri que essas são as mais dificeis de se 
esquecer. 

Já subi escondida no telhado prá tentar pegar estrelas, 
já subi em árvore prá roubar fruta, 
já caí da escada de bunda. 
Conheci a morte de perto, 
e agora anseio por viver cada dia. 

Já fiz juras eternas, 
já escrevi no muro da escola, 
já chorei sentada no chão do banheiro, 
já fugi de casa prá sempre, 
e voltei no outro instante. 

Já saí prá caminhas sem rumo, 
de bandana na cabeça, ouvindo estrelas. 
Já corri prá não deixar alguém chorando, 
já fiquei sozinha no meio de mil pessoas 
sentindo falta de uma só. 

Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e laranjado, 
já me joguei na piscina sem vontade de voltar, 
já bebi vinho até sentir dormente meus lábios, 
já olhei a cidade de cima 
e mesmo assim não encontrei meu lugar. 

Já senti medo do escuro, 
já vomitei de nervoso, 
já quase morri de amor, 
mas renasci novamente prá ver o sorriso de alguém 
especial. 

Já acordei no meio da noite 
e fiquei com medo de levantar. 
Já apostei corrida descalça na rua, 
já gritei de felicidade, 
já roubei rosas num enorme jardim. 
Já me apaixonei e achei que era para sempre, 
Mas sempre era um prá sempre pela metade. 

Já deitei na grama de madrugada 
e vi a Lua virar Sol, 
já chorei por ver amigos partindo, 
mas descobri que logo chegam novos, 
e a vida é mesmo um ir e vir sem razão. 
Foram tantas coisas feitas, 
momentos fotografados pelas lentes da emoção. 
guardados num baú, chamado coração. 

E agora um formulário me interroga, 
me encosta na parede e grita: 
"_Qual sua experiência?" 
Essa pergunta ecoa no meu cérebro: 
"_experiência...experiência..." 
Será que ser "plantadora de sorrisos" é uma boa 
experiência? 
Não!!! 
Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!

Um comentário:

  1. Pensem que acabei de chorar horrores ao reler este texto ha muito escrito e como uma tela em minha mente refiz uma viagem no tempo em questão de segundos à uma explosão de sentimentos ao reler algo tão signifcativo para mim e o amor com que Meu Pai se orgulhava muito pelo que escrevi e lembro-me dele agora aos prantos aqui em casa após 5 anos ontem de seu falecimento. Estávamos em Botucatu e ele pegou meu texto escrito em papel sulfite datilografado numa de suas máquinas de escrever e ele leu, olhou pra mim como quem já havia entendido tudo. Dobrou o papel guardou no polso do coração e me falou. Com aquele ar de aprovação me diase. Vamos trabalhar ? E Ele sabia que a coisa que mais gostava nessa vida era de ajudar eles na lida com o gado. E Eu como de costume tinha o maior orgulho do Mundo daquele Homem que me Ensinou Ser a Sonhadora que Sou. Continua a brincar de bruxa com as vassouras nos supermercados kkkkk só para os meus filhos rirem de mim. E no texto onde é irmã era irmão pois só tenho um. Hoje já em minha meia idade vejo que os sonhos e tudo aquilo que vivi naquela época já vivi outras várias vezes e agradeço à Deus por vive -las e que le seja permitido viver muitas outras ainda e jamais deixe de olhar às estrelas e sonhar. Gratidão. Namaste

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